O rapaz achava interessante a ausência
de futuro em sua vida. Nada permanecia, crescia e mudava. Tudo era efêmero,
passageiro, finito e quantos sinônimos mais você achar para dizer que nada
perpetuava, tudo parava no meio do caminho. Sim, o rapaz sou eu, mas gosto de
imagina-lo (imaginar-me) como apenas mais um dos personagens das minhas
histórias, com finais irrelevantes e previsíveis. Parando pra pensar agora,
percebo que a ausência de finais felizes na vida dele influenciou o tom cinza e
pessimista de seus contos. Você deve conhecer os contos dele, aqueles que ele
posta num blog vago e pouco visitado.
Ele nunca desejou os espinhos que
carrega sobre a pele, mas eles cresceram mesmo assim, afiados e negros. Deve
ser culpa da genética. Os mortais afastam-se dele, e atrevo-me a dizer que até
as matérias frias e sem vida lhe tem aversão; só isso explicaria o ar que
frequentemente escapa-lhe dos pulmões sem motivo aparente. É o vento correndo,
atrás da árvore se escondendo. Ele é a Medusa, transformando em pedra aqueles
que ousam olhar em seus olhos e encarar sua alma. Resta atrás dele um jardim de
estátuas; rostos conhecidos e até queridos, que sua maldição titânica – sei que
não foram os titãs – renegou à solidez do esquecimento.
Ele é a fera cuja história jamais foi
contada. Sem princesas, fadas ou bruxas. Apenas a fera, vidas petrificadas e
espinhos negros. O texto acaba, mas o vazio permanece. Com licença, vou ali aproveitar
minha desesperança junto à minhas estátuas.
4 comentários:
Quem bom lê-lo novamente amigo.
Não se sintas só, pois te farei companhia junto as estátuas.
"A ausência do futuro", nos leva a pensar se o futuro realmente existe... Seu texto é reflexivo, lindo e criativo!
A desesperança nós é que fazemos, pois a caneta do escrevinhar de nossas vidas está em nossas mãos... usas o livre arbítrio que tua estátua há de "despetrificar". Abraços da Lindalva
Gostei do texto amigo Pedro,que bom passear por aqui. Fica com deus e muitos beijinhos!! http://pontodecruzdamafalda.blogspot.pt
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