“Tudo que sei é que nada sei”.
Essas palavras nunca fizeram tanto sentido quanto agora.
Sempre
me juguei uma pessoa esperta, intuitiva, que conseguia decifrar a personalidade
de alguém sem precisar fazer muito esforço. Como eu estava enganado. As
experiências pelas quais passei nas últimas semanas me provaram quão falhas são
as conclusões que formamos de nós mesmos. Não me conheço e não conheço ninguém.
Julguei
pessoas sem nem ao menos conhecê-las; pensei o pior sobre tudo e sobre todos;
fui preconceituoso, arrogante, dissimulado, perverso. Até aí não tem nada de
novo; sempre fui assim, e sempre convivi muito bem com esses “defeitozinhos”.
Por mais terrível que eu fosse, o tempo sempre (repito, sempre) mostrava que eu
estava certo em meus julgamentos. As pessoas nunca se mostravam melhores do que
suas caricaturas bizarras, que eu criava em minha cabeça. Mas alguma coisa
mudou. Eu errei.
Era
manhã, e o sol fervia do lado de fora do prédio. Eu andava sozinho por
corredores que não conhecia. Passava por portas novas e velhas, grandes e
pequenas. Mas não era nos corredores que eu prestava atenção, muito menos nas
portas, e sim no futuro. Não o futuro das décadas e séculos, mas o futuro dos
minutos, segundos e milésimos de segundos. O futuro depois de cada passo,
aquele futuro que pisa em nossa sombra e que, a pouco, chamávamos de “agora”.
Esse futuro me assustava, e me roubava o ar dos pulmões. Sentia-o afiando as
garras, preparando-se para me estraçalhar. É estranho dizer isso, mas, naquele
momento, senti uma forte ligação com a Maria Antonieta. Acho que tem alguma
coisa a ver com guilhotinas, sei lá...
É neste
momento em que separamos as histórias boas das ruins. Nas histórias ruins, você
acaba adivinhando o final; nas boas, tem a tal da “reviravolta”, o
imprevisível. Posso dizer que minha história acabou virando uma “boa história”,
contrariando todas as minhas expectativas. Na minha cabeça, eu já havia escrito
e reescrito esta narrativa diversas vezes, e o final era sempre o mesmo: eu
sozinho num canto da sala, calado, solitário, desejando que o dia acabasse
logo para que eu pudesse ir para casa, mas no dia seguinte eu voltaria, e
começaria tudo de novo... mas como eu disse, esta é uma boa história, e nas
boas histórias não conseguimos adivinhar o final.
Tudo o que eu posso (e consigo)
dizer é que não fui ignorado. Alguém se aproximou de mim, e me estendeu a mão.
Esta pessoa não sabe, mas livrou-me de uma solidão que já estava etiquetada com
meu nome. Ela me abriu os olhos, e só então eu pude olhar em volta e perceber
que não estou sozinho, que as pessoas também têm bondade dentro de si e que o
tempo não é tão assustador quanto eu pensava. Ainda quero que algumas pessoas
morram, mas agora já posso dizer que meu “ódio infundado” não é tão infundado
assim.
Você não sabe o quão difícil foi
escrever este texto, pois admitir meus erros é uma verdadeira tortura, mas eu
precisava colocar isso pra fora, e, acima de tudo, agradecer, e agora falo
diretamente à pessoa que me ajudou: você provavelmente nunca vai ler este
texto, sequer vai tomar conhecimento dos meus sentimentos, mas, mesmo assim,
quero lhe agradecer. Você pode não saber, mas seu gesto me impediu de mergulhar
numa “história ruim”. Obrigado.
4 comentários:
Nem tudo é o que parece, afinal.
Meu, no começo achei que era verdade, depois apenas um texto, no fim acho que é fato mesmo.
Que loucura.
Show!
PS: Não tem o nome do cara?
Abraço.
www.cchamun.blogspot.com.br
Histórias, estórias e outras polêmicas
Esse cara sou eu.
Excelente mesmo!
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